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A diabetes é uma doença crônica e que afeta mais de 16 milhões de brasileiros, segundo uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde). Entre as inúmeras complicações que a patologia pode trazer, também estão incluídas questões de ordem bucal bastante importantes.
Embora pouco comentada, existe uma relação bem íntima entre diabetes e saúde bucal — e conhecê-la e entendê-la é fundamental para que o diabético consiga manter a higiene oral adequada e ainda saber identificar possíveis problemas logo no início.
Quer saber mais sobre esse assunto? Então, continue a leitura!
Diabetes e saúde bucal: qual é a relação?
Quem é diabético sabe a importância de manter a doença sempre controlada, evitando problemas graves de saúde, como questões relacionadas aos rins, aos olhos, além de riscos mais elevados de ter um AVC e problemas de coração. Mas você sabia que também é preciso ter atenção redobrada com a saúde da sua boca?
Mesmo em quem apresenta uma boa higiene oral, as complicações causadas pela diabetes descontrolado podem aparecer. Na grande maioria das vezes, as questões estão ligadas à hiperglicemia, que modifica a quantidade de saliva na boca e também aumenta as chances de infecções e até de problemas fúngicos.
Tudo isso é capaz de trazer riscos sérios, como infecções nas gengivas, feridas que não cicatrizam, boca seca, maior risco de ter cáries e até a possibilidade da perda de um ou mais dentes.
Com a redução do fluxo salivar, a boca perde um dos seus principais “escudos” contra agentes invasores, já que a saliva tem uma ação antimicrobiana extremamente importante para a manutenção da nossa saúde bucal.
Sem essa defesa extra e com o agravante das dificuldades de cicatrização presentes no diabético, é possível que vários outros problemas apareçam. Assim, manter a diabetes controlada e visitar periodicamente o seu dentista são medidas extremamente importantes.
Quais problemas de saúde bucal o diabético pode ter?
Se a sua diabetes está descontrolada, infelizmente você pode ter maior suscetibilidade a apresentar uma série de problemas de saúde bucal, justamente pelos mecanismos que apresentamos acima. Veja mais sobre os principais distúrbios:
1. Boca Seca
Também conhecida como “xerostomia”, a boca seca pode ser algo bem normal em quem está em fase de descontrole metabólico (seja por descuido com a diabetes ou ainda por desconhecimento da doença). Nesse caso, a redução na produção da saliva é causada pelo sistema nervoso autônomo.
Sem a quantidade adequada de saliva, inúmeros problemas podem aparecer, como desconfortos, fissuras na língua, feridas na cavidade bucal, cáries e dificuldades para usar e fixar implantes e próteses dentárias.
Além disso, sem a ação antimicrobiana da saliva, é possível que a sua boca se torne um local mais propício para o aparecimento de várias condições, incluindo problemas inflamatórios da gengiva.
O tratamento poderá ser feito de várias maneiras, desde a estimulação da mastigação até com o uso de medicamentos específicos que devem ser prescritos em colaboração entre o dentista e o médico do paciente. Outras possibilidades são a estimulação elétrica em consultório e a acupuntura.
2. Problemas gengivais
Com a glicose no sangue descontrolada e a redução da quantidade de saliva, a boca se torna um local propício para a proliferação de bactérias (principalmente por meio do acúmulo de placa bacteriana e tártaro).
Some-se a isso o fato de o diabético também ter uma resistência reduzida a infecções e as chances de doenças gengivais aparecerem aumenta significativamente entre essa parcela da população.
O primeiro sinal de problema é o sangramento fácil da gengiva e a modificação da sua coloração natural, que passa de rosa para vermelha. Esse é um indício de uma possível gengivite. Se o quadro não for tratado, ele poderá evoluir para uma periodontite, com a presença de uma espécie de “bolsa” com pus entre a gengiva e o dente, algo que pode causar mau hálito, dores e levar até a perda do dente.
O tratamento depende do avanço da doença e pode envolver uso de antibióticos e até cirurgia. A prevenção ainda é a melhor saída, controlando a doença, escovando muito bem os dentes, usando fio dental e visitando o seu dentista a cada 6 meses.
3. Mau hálito
A halitose (mau hálito) do diabético pode ter várias origens, desde a boca seca ou a presença de inflamações na gengiva, até questões estomacais. Se a diabetes está descompensada e não existe glicose suficiente para a produção de energia, o corpo passa a usar a gordura.
Esse processo, que não é natural, resulta no chamado “hálito cetônico”, que causa um odor parecido ao de uma maçã podre, com aquele leve torpor adocicado. A melhor forma de evitar esse problema é controlando os níveis de glicose no sangue.
4. Dificuldades de cicatrização
A cicatrização mais complicada é algo conhecido de qualquer diabético. Os motivos podem ser inúmeros, como a queda no número de neutrófilos (que são as células de defesa), alterações vasculares e na microbiota gengival, dificuldades na síntese de colágeno, entre outros.
Justamente por isso, feridas e outros pequenos machucados na boca são um problema que merece acompanhamento de perto do seu dentista, bem como os tratamentos odontológicos, que podem demorar mais para terem uma melhora.
É imprescindível sempre comunicar o seu dentista sobre o fato de você ser diabético, assim ele poderá pensar em medidas para tornar os seus procedimentos menos invasivos.
5. Ardência bucal e alterações no paladar
Essas são duas condições muito comuns de aparecerem nos diabéticos. A síndrome da ardência bucal (SAB) é caracterizada pela sensação de ardência nas mucosas da boca, sem o surgimento de nenhuma lesão aparente. Outros sintomas relatados são coceira, inchaço e fisgadas, sobretudo na língua. O controle da glicemia é fundamental no tratamento.
Já a disguesia (distúrbios do paladar) pode aparecer como alterações na percepção do sabor ou o paciente pode não conseguir mais sentir o gosto dos alimentos. Esse problema pode ser causado por questões como a boca seca. Portanto, o tratamento depende da solução desses problemas.
6. Infecções fúngicas
A candidíase, causada pelo fungo Candida, é uma das infecções fúngicas mais comuns entre os diabéticos. O misto da redução no fluxo salivar, do elevado nível de glicose no sangue e da baixa imunidade acabam contribuindo para que o fungo se instale nos tecidos bucais.
Geralmente, a manifestação da doença acontece com o aparecimento de placas esbranquiçadas, sobretudo na língua. O tratamento é basicamente com o controle da glicemia. Além disso, o dentista poderá prescrever alguns antifúngicos orais visando reduzir os sintomas e o desconforto.
Como você pôde notar, existe uma relação importante entre diabetes e saúde bucal, por isso é fundamental que você faça o controle da doença, escove os dentes com frequência e visite o seu dentista periodicamente.
Além disso, ficar de olho em possíveis problemas e fazer o autoexame bucal é extremamente importante. Se você tem notado questões como feridas e infecções bucais, leia este post e saiba tudo sobre o assunto!
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Muito interessante!