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A genética tem sido cada vez mais estudada na medicina, afinal ela pode ser responsável por uma série de doenças ou, ao menos, pela propensão a problemas de saúde, como o câncer, as cardiopatias, a diabetes, a depressão e muitas outras.
O que pouca gente sabe, contudo, é que a genética também pode ser responsável pelo aparecimento de determinadas doenças na boca. Entender quais são elas é algo extremamente importante, pois garante uma possibilidade maior de prevenção e um tratamento mais direcionado.
Ficou interessado? Quer saber mais sobre o assunto? Então, continue a leitura!
Doenças e genética: como funciona essa relação?
Todo mundo sabe que a genética é a responsável por nos fazer herdar os olhos claros do pai, o cabelo escuro da mãe, o nariz do avô e o tipo sanguíneo da família. Mas, muito além disso, a genética também é responsável por transmitir determinadas mutações no DNA, que podem aumentar a propensão do surgimento de alguns problemas de saúde.
Porém, a genética também não pode ser responsável por tudo o que acontece no nosso corpo, afinal todos os seres humanos compartilham cerca de 99% dos genes. Assim, as diferenças básicas estão concentradas em apenas 0,1% dos nossos cromossomos.
Além dessa pequena parcela, somam-se também as influências adquiridas no meio em que vivemos, como os tipos de alimentos que consumimos, a nossa criação e os nossos hábitos. Juntando todas essas peças, temos a maior ou a menor probabilidade de desenvolvimento de doenças.
Com as doenças na boca isso também é verdadeiro. Afinal, uma pessoa pode ter, geneticamente, maior predisposição à formação de placa bacteriana, por exemplo. Porém, se, além disso, ela ainda adquire maus hábitos de higiene bucal, as chances de desenvolver problemas mais graves (como uma doença periodontal), aumentam.
Entender esses pontos é algo muito importante, porque permite que você identifique as suas propensões genéticas e adquira novos hábitos mais saudáveis, impedindo que determinados problemas aconteçam ou, ao menos, tenham as suas chances de acontecer reduzidas.
Doenças na boca: 5 problemas causados pela genética
Como você viu, existe uma relação bem íntima entre genética, doenças e hábitos, que juntos podem (ou não) contribuir para o aparecimento de algum problema de saúde. Na região da boca isso também acontece.
A genética pode ser responsável por muitas questões quando pensamos em nossa saúde bucal, que vão desde condições e síndromes mais sérias, que afetam não apenas o desenvolvimento oral, mas de todo o corpo, até questões mais simples, que podem ser revertidas com bons hábitos de escovação. Veja os mais comuns.
1. Propensão ao tártaro
Algumas pessoas, mesmo tendo hábitos de higiene oral adequados, sentem-se mais propensas à formação do tártaro. Essa situação pode ter uma explicação genética, já que em algumas famílias é possível encontrar um fator genético associado à formação das placas bacterianas.
Isso significa que, mesmo escovando os dentes regularmente, você poderá notar que na sua família muitas pessoas têm problemas como tártaros e até inflamações da gengiva, já que as placas de bactérias se formam em maior quantidade e velocidade.
Se esse é o seu caso, visitar o dentista regularmente é ainda mais importante, se possível reduzindo o tempo entre uma consulta e outra, garantindo um acompanhamento mais detalhado e evitando que o acúmulo de placas leve a problemas mais graves, como as doenças periodontais.
2. Dentes tortos
Por que algumas pessoas precisam usar aparelho dental e outras não? A resposta também pode passar pela genética. Pais que sofreram com o mau posicionamento dos dentes ou com problemas de mordida, por exemplo, têm uma possibilidade maior de ter filhos que sofrem com as mesmas questões.
Isso acontece porque a genética tem um papel bem forte na hora em que os dentes estão se formando na boca do bebê, influenciando no tamanho, na posição e no espaçamento deles. Assim, se você teve que passar por um tratamento para corrigir a má oclusão, não espere muito tempo para acompanhar seu filho e procure logo um odontopediatra, que pode impedir que a questão evolua.
3. Cáries
Novamente, o problema pode ser causado pelo excesso de bactérias na boca, que, como vimos, pode ser uma questão genética, aliada a dificuldades na hora de realizar uma boa higiene bucal.
A cárie também é uma doença na boca causada pelo excesso de bactérias, que corroem o esmalte dos dentes e acabam alcançando as estruturas internas. Além da presença da placa, ainda é possível que alguns maus hábitos façam parte do dia a dia dessas pessoas, como o consumo de determinados alimentos e uma escovação ineficiente.
Outro ponto que a genética pode favorecer o aparecimento das cáries está relacionado aos problemas no esmalte dentário. Algumas pessoas têm defeitos no esmalte que podem ser causados por questões genéticas, tornando seus dentes mais suscetíveis às ações corrosivas das bactérias, favorecendo o surgimento das cáries.
Novamente, se alguém na sua família sofre com problemas recorrentes de cáries, o melhor a fazer é ter cuidado redobrado com os dentes das crianças, evitando que essa questão se desenvolva, afinal, esse pode ser um indício claro de influência genética.
4. Gengivite
A gengivite não é uma doença causada diretamente pela genética, mas ela pode ser influenciada por questões hereditárias secundárias, como deficiências no sistema imunológico ou doenças específicas (como a diabetes), que são capazes de interferir na saúde geral da pessoa e aumentar a predisposição aos problemas na gengiva.
Muitos pontos podem ajudar no aparecimento de uma gengivite (que, se não tratada, pode evoluir para uma doença periodontal), como os maus hábitos de higiene oral, alterações hormonais, fumo, dietas específicas e vários outros.
Mas se você ou alguém na sua família tem doenças genéticas que alterem o sistema autoimune, por exemplo, vale a pena começar com um programa de prevenção, cuidando mais de perto da saúde da sua gengiva.
5. Câncer bucal
A relação entre o câncer e a genética é um assunto que tem sido amplamente estudado pela medicina. Entre os diversos achados, destaca-se um estudo em especial, publicado na revista Nature Genetics, que relaciona a suscetibilidade para o desenvolvimento de câncer bucal e de orofaringe a determinadas alterações na região do genoma em que estão presentes os genes codificadores dos antígenos leucocitários humanos (HLA).
Os autores demonstraram que um grupo de variantes nessa região (especialmente no cromossomo 6) aumentam as chances de câncer bucal induzido pelo papilomavírus humanos (HPV).
Claro que, assim como as demais doenças na boca, a genética corresponde a apenas uma parcela das chances de desenvolvimento do câncer bucal, sendo que existem outros fatores de risco que ajudam a aumentar as probabilidades do problema, como o hábito de fumar e o consumo abusivo de álcool, por exemplo.
Além dessas doenças na boca, é possível herdar também algumas mutações na região oral, como a hipoplasia do esmalte e da dentina (formação incompleta ou deficiente do esmalte), a hiperdontia (desenvolvimento de número maior dos dentes), a agenesia dentária (ausência congênita de dentes), entre outros.
Conhecer a influência da genética nas doenças na boca é algo muito importante, permitindo que você anteveja questões e busque tratamentos preventivos, evitando que o problema aconteça. Além disso, a manutenção de hábitos saudáveis também é fundamental.
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